Era uma vez um Barão, descendente de duas nobres famílias, uma inglesa, outra portuguesa, que sonhava ter o seu próprio castelo. Determinado a concretizar o seu sonho, o destemido Barão atravessou o grande oceano que o separava das suas raízes e retornou animadíssimo com o projeto da construção. Para tudo dar certo, vieram também pedreiros, marceneiros e ferreiros para construir o sonho do Barão. O castelo foi sendo erguido com material vindo de várias partes da Europa: blocos de pedra portuguesa, telhas de ardósia francesa, ferragens inglesas, vitrais austríacos e pisos de mármore italiano. Diante do olhar curioso de um povo que nunca tinha visto castelo nesse mundo, a obra foi ganhando corpo e depois de cinco anos a construção estava concluída... e o Barão feliz da vida.
Esta história, que tem começo e fim de conto de fadas, aconteceu de verdade e bem aqui, na Serra de Petrópolis, na nossa querida Itaipava, no início do século passado. O dono do nobre título, e do sonho também, era o Barão J. Smith de Vasconcelos e o castelo, que ainda hoje causa surpresa aos visitantes, é cheio de requinte e magia. Cada detalhe desta surpreendente arquitetura, além de nos transportar a outros tempos, registra o empenho do Barão em reproduzir fielmente um castelo medieval. Na porta de entrada, por exemplo, para , se fazer anunciar, é preciso bater a aldrava em forma de uma figura mitológica relacionada com o poder da proteção. Para esclarecer, aldrava é aquele batedor de porta que depois foi substituído pela campainha e, mais recentemente, pelo interfone.
O primeiro dos quarenta e dois cômodos é uma sala com uma enorme lareira esculpida em pedra posicionada de frente para a porta de entrada. A lareira, segundo o procedimento correto de um castelo, deveria estar sempre acesa para receber calorosamente os convidados da fortaleza real. A sala ao lado, além de ter a escada de madeira toda montada sem pregos ou parafusos que leva aos andares de cima, tem no piso um dos detalhes mais bonitos do castelo: um mosaico feito em mármore feito em mármore preto e branco com a representação dos signos do zodíaco. Outro ponto alto da visitação é a sala de banho da Barinesa, situada no segundo andar onde ficam também os quartos do Barão e de seus sete filhos. Tanto o chão da sala de banho como todas as peças são em mármore dourado de Carrara e a água da banheira jorra da boca de uma gárgula na forma de um ser mitológico que tem o poder de purificar a água e abençoar quem ali se banha.
Entre os outros cômodos estão a sala de jantar, onde pode-se apreciar o retrato da Baronesa Anna Theresa, filha do Conde Alexandre Siciliano, o escritório e a sala de música onde o Barão costumava receber personalidades da época. No terceiro andar ficam os quartos dos netos, o acesso à torre panorâmica e a entrada de passagem secreta que, por ser secreta, ninguém diz onde vai dar. Todas as janelas são em forma de seteira e no centro dos vitrais aparece o brazão da família Smith de Vasconcellos. Na parte externa o destaque fica para a piscina, ou melhor, como era chamada. na época, para o lago de banho. O fundo em mármore branco realça. a água azul em meio verde do jardim.
Uma curiosidade entre os materiais importados para a construção é que as madeiras das portas, escadas, colunas e forros que foram esculpidas na Europa são de jacarandá, madeira nativa do Brasil. Outro aspecto interessante desta epopéia arquitetônica é que o Barão colaborou no custeio da Estrada de Ferro Lopoldina Railway para viabilizar a chegada do material em Itaipava, recebendo assim o direito de ter, dentro do terreno do Castelo, uma estação particular. Vale observar que algumas peças do castelo, como quadro e cortinas, são anteriores à época da construção e forma trazidas pelos antepassados do Barão que vieram para o Brasil em 1808 junto com a corte portuguesa que acompanhava D. João VI.
Hoje, o Castelo é um atraente ponto turístico da Serra Petropolitana e através do projeto "Visitação Turística Histórica Arquitetônica do Barão de Itaipava" pode ser apreciado por visitantes do mundo inteiro. Considerado o único e verdadeiro em todas as Américas, o Castelo do Barão de Itaipava além de promover leilões, desfiles, vernissages e festas temáricas, organiza chás, almoços, jantares e recepções para aniversários, casamentos e bodas.
Pra terminar a história do Barão e do seu Castelo sem perder o espírito de conto de fadas, aqui vai uma dica. Quando for conhecer o Castelo, não deixe de visitar o pátio interno, todo em pedra, com um lindo poço esculpido em ferro no centro. Nesse poço, ao se jogar uma moedinha, pode-se fazer um pedido como, por exemplo, encontrar a princesa ou o príncipe encantado da sua vida. Entrando no clima do Castelo, um pedido com esse é perfeito.
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